segunda-feira, 30 de agosto de 2010

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Qual é o país que nos importa? O país das ruas, das padarias, dos mercados. Dos cachorros que passeiam com seus donos, dos medos que imputaram ainda na infância das pessoas. A polícia é sempre a mesma. O asfalto queima tanto no calor que se percebe em qualquer parte onde haja asfalto. Os sorrisos... Como faremos para que se mantenham nos rostos de quem os quer em seus rostos? Em quinze dias pode-se perder o resultado de onze meses. Investimento humano. Descascadores de banana, comedores de enlatados; todos merecem o bom dia de todos os dias.







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domingo, 22 de agosto de 2010

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Se estivesse mais perto que um braço, a tomaria. Se a encontro na minha esquina, tenho tanto para falar. Se me escuta, lhe digo que pensava em fazer uma tatuagem, mas desisti, que um dia gostei de roupas que falam - ou dizem, dizem é mais adequado aqui - que dizem ser da moda, que as cebolas me fazem chorar, inclusive depois de cozidas. Se eu não me engano já sabe disso. Se me sorri, mostro o sorriso que trago dentro de mim desde que a vi. Se existe alguém, estou certo que você é alguém. Se não posso ver-lhe, se vai tudo, se diminui a força que faz a terra girar, por isso o tempo se demora tanto assim desde que a vi em sua porta em agosto último. Ce, se... Se perdi.







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domingo, 15 de agosto de 2010

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Um poeta foi preso. Tentou descrever sensações e estas tornaram-se indescritíveis, segundo decreto do presidente do mundo, há 4 dias. Também, não se pode mais rimar, tampouco versar palavras desencontradas. Os senhores das letras sentem-se inócuos. Cartas escritas à mão com a serenidade de um bom dia acumulam-se nos quintais. Não existe mais qualquer música, apenas um amontoado de notas. Que triste fim para os poetas. Alguns inclusive tratam de conseguir clientes em suas novas farmácias; creem que, assim, poderão salvar tantas vidas quanto com uma estrofe. Os poetas se vestem de branco, e já não assinam com essa profissão. Vestem branco e não são pais-de-santo, vestem branco e vendem remédios. Branco.




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Documentário Parque Estadual Serra do Mar Núcleo São Sebastião

Como diz o samba do Salgueiro de 2024, "falar de amor enquanto a mata chora é luta sem flecha da boca para fora".