quarta-feira, 31 de março de 2010

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Cadê que não está aqui para te coçar a cabeça? Onde foi parar o boa noite que, ao sair tão suave de sua boca, parece que vem da sua boca? Cadê o seu corpo esquentando o meu até o ponto de não haver, nunca, o inverno? Está longe, e digo que é melhor que fique aí, não será bom hoje. Amanhã talvez. Ontem com certeza. O porteiro observa tudo indiferente, já se acostumou com as pessoas, de tanto olhá-las sem ser percebido. Sem ser percebido percebe muito mais coisas. Antes eu percebia tudo, agora, só percebo você. E o poeta volta a me guiar, e eu volto a me deixar.






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quinta-feira, 11 de março de 2010

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Dentro de tua vida pequena, cheia de cotidianos, forrada de silêncio, essa mesma vida que conhece todas as luzes dos prédios da frente às duas da manhã, pois, digo que aí dentro, não podes ser o que estás acreditando hoje, não há espaço nessas ruas largas para tua pequenez. Até que te encontro, e, para mim, tu és tudo. É o dia todo. Meus gostares, meus poemas, minha salvação. Digo, a mesma salvação, a do mundo. Tens outra realidade agora, que talvez não conheças, mas que é a única que consigo enxergar. Deita, descansa. O avião sairá logo, e as luzes dos vizinhos se apagarão no mesmo instante.







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terça-feira, 2 de março de 2010

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Por esses dias, andei andando. De repente, como uma estrela, a primeira do céu, encontro entre as linhas um passado que sem pedir permissão entrou pelas veias da mão. Rapidamente, estava em uma parte do meu cérebro onde gostaria que houvesse mais festas. Dali, para o coração, com o bombear de três ritmos, ritmos de um repenique, e a sensação começou a fazer dali sua morada. Frequentemente me pego buscando-a, mas a distância de meio continente, com uma carta por dia, é quem decide isso. No portão, todos os carteiros fazem fila para me entregar sua escrita. Assassino da língua, assassina em série, meninos de rua carentes por uma revolução que não temos a certeza de sua vinda. Escritores famosos, delinquentes, atraentes, com suas palavras que conquistam. Andaremos andando por aí.






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Documentário Parque Estadual Serra do Mar Núcleo São Sebastião

Como diz o samba do Salgueiro de 2024, "falar de amor enquanto a mata chora é luta sem flecha da boca para fora".